O Tempo da Criação é um período litúrgico ecumênico que se estende de 1º de setembro, Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, até 4 de outubro, festa de São Francisco de Assis, padroeiro da ecologia. Este tempo foi proclamado pelo Santo Padre, o Papa Francisco, como um convite à toda a Igreja para aprofundar a consciência ecológica e promover uma atitude de cuidado e respeito pela Criação, atendendo ao chamado urgente da encíclica Laudato Si’, publicada em 2015.

Um Chamado à Conversão Ecológica
O Papa Francisco, em sua missão pastoral, tem se preocupado profundamente com a crise ambiental que afeta o planeta. Ele aponta para a necessidade de uma “conversão ecológica”, um termo que reforça a ideia de que o cuidado com o meio ambiente é parte integral da vida cristã. O Tempo da Criação surge, assim, como um tempo privilegiado para que os fiéis reflitam sobre o compromisso cristão com a Casa Comum, buscando viver de forma mais harmônica com a natureza.
No coração deste movimento está o reconhecimento de que todas as formas de vida são interdependentes, e que o ser humano tem uma responsabilidade especial como administrador da Criação. O Papa Francisco frequentemente lembra que a degradação do meio ambiente tem consequências graves, especialmente para os pobres e vulneráveis, que são os mais afetados pelas mudanças climáticas e pela destruição dos recursos naturais.
A Proclamação do Santo Padre
A proclamação do Tempo da Criação pelo Santo Padre foi uma resposta à crescente conscientização mundial sobre as questões ecológicas, especialmente no contexto das mudanças climáticas, desmatamento, poluição e perda de biodiversidade. A iniciativa também é um apelo à unidade cristã, uma vez que o Tempo da Criação é celebrado por diversas denominações cristãs, promovendo a cooperação entre as igrejas e um testemunho comum em prol do cuidado do planeta.
Em sua mensagem de 2023 para o Tempo da Criação, o Papa destacou que este é um tempo para escutar “o grito da Criação”, um apelo para que todos ouçam e respondam aos clamores da Terra e dos povos afetados pela crise ecológica. Ele enfatiza a importância da ação concreta, chamando os fiéis a serem mais conscientes de suas escolhas diárias, promovendo estilos de vida sustentáveis e defendendo políticas públicas que protejam o meio ambiente.
Uma Liturgia em Comunhão com a Natureza
Durante o Tempo da Criação, muitas paróquias e comunidades cristãs organizam liturgias e eventos voltados para a conscientização ecológica. Orações especiais, celebrações eucarísticas e momentos de reflexão são dedicados a este tema, incentivando os cristãos a renovarem seu compromisso com a preservação do planeta. Este período também é uma oportunidade para promover a educação ambiental, atividades de reflorestamento, ações de limpeza e apoio a projetos ecológicos.
A espiritualidade cristã, fundamentada no amor e no respeito pelo Criador, se expressa no respeito pela Criação. Os textos bíblicos e as tradições da Igreja oferecem uma riqueza de símbolos e ensinamentos que ajudam a entender que o cuidado com a Terra é um reflexo do nosso cuidado com o próximo e um reconhecimento da bondade de Deus em toda a obra criada.
Conclusão
O Tempo da Criação é um convite para que toda a Igreja redescubra o valor da Criação como dom de Deus e como uma responsabilidade compartilhada. O chamado do Papa Francisco ecoa na necessidade urgente de cuidar do meio ambiente, de repensar nossos hábitos e de promover um desenvolvimento sustentável que beneficie todas as formas de vida. Neste tempo, somos chamados a agir com coragem, fé e compromisso, para que as gerações futuras possam herdar um planeta saudável e vibrante, onde a harmonia entre o ser humano e a natureza seja restaurada. A mensagem central do Tempo da Criação é clara: cuidar da Terra é uma expressão de fé, amor e justiça. Que este período seja um tempo de renovação espiritual e prática, onde todos os cristãos, unidos em oração e ação, possam dar testemunho de sua missão de proteger e preservar a Criação.