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Abertura do Congresso Nacional da reconciliação

A Comissão Episcopal de Justiça e Paz e Integridade da Criação da CEAST tem a honra de anunciar a abertura oficial das inscrições para o CONGRESSO NACIONAL DA RECONCILIAÇÃO.

“cinquenta anos não são cinquenta dias”. É um tempo de olhar para o passado, reconhecer as falhas e comprometer-nos com a construção de um futuro mais justo e fraterno, um futuro de felicidade. (CEAST)

Por ocasião da celebração dos 50 anos da nossa Independência, abrimos solenemente as portas para o Congresso Nacional da Reconciliação, a ter lugar em Luanda nos dias 29 e 30 de Outubro de 2025, sob o lema “Eis que faço Novas todas as Coisas” (Ap. 21,5) e para o qual convidamos a Nação inteira, homens e mulheres de boa vontade, a virmos todos à presença do Senhor com as nossas alegrias e tristezas, com as nossas forças e fragilidades, com as nossas esperanças e desesperos, com as nossas certezas e dúvidas e, sobretudo, com toda a nossa alma, inteligência e fé para confirmarmos que é possível fazer caminhos novos e construir novas realidades sociais, políticas, culturais, económicas, jurídicas e espirituais para a nossa amada Nação, sob a qual nos estabelecemos como um povo em busca da sua realização como pessoas com a dignidade de filhos e filhas de Deus; é possível fazer novas as nossas relações pessoais, sociais e institucionais; é possível sermos novas criaturas para uma Angola nova.

A Independência foi uma conquista, mas a paz e a reconciliação continuam a ser um projeto em construção por consolidar. É nossa convicção que a paz não se resume à ausência de guerra. Ela é fruto da justiça, da verdade e da amizade social. É por isso que o nosso País precisa de uma reconciliação verdadeira, que cure as feridas do passado e nos permita construir um futuro em conjunto de convívio harmonioso, de desenvolvimento sustentável e de justiça social.

É ponto assente que a reconciliação só é possível com um verdadeiro diálogo e com uma cultura da humildade, da tolerância, da compreensão, da aceitação mútua e da inclusão autêntica, onde os discursos “inflamados e antagónicos” são substituídos por um compromisso nobre com o bem, o amor, a paz e com a dignidade da pessoa humana. Este Congresso constitui um marco relevante no caminho de escuta, diálogo e compromisso com a reconciliação nacional, congregando lideranças religiosas, políticas, sociais, académicas e comunitárias, com o objetivo de fortalecer a cultura da paz, da justiça e da coesão em Angola.

Assim o Congresso Nacional da Reconciliação prevê os seguintes passos a serem observados:

1. Instrospecção: Reflexão e assunção de erros que desconfiguraram a nossa estrutura social, cultural e familiar fruto de opções assumidas na condução dos destinos que nos levaram ao actual momento. Nesta fase de reflexão nos é pedida a humildade necessária e a verdade libertadora, para que, com profunda abertura de coração, nos coloquemos sob o juízo da Nação e nos auto avaliemos e nos reconheçamos como parte da autoria do nosso passado que dita o presente. Quer seja pela nossa acção ou por omissão e inacção.

2. Reconhecimento do mal feito e/ou infligido aos outros e à Nação com a nossa acção colectiva e individual: Neste pilar prevalece como atitude fundamental o sentido da corresponsabilidade em tudo o que a nossa história configurou, fruto da nossa acção humana. Aqui teremos todos de perceber que de uma ou de outra forma, somos responsáveis ao termos presenciado os acontecimentos e pouco termos feito

para inverter os males praticados e propagados. Logo a partilha de responsabilidades em cada mal identificado deve comprometer todos na concertação destes buracos obscuros, deixando de lado a lógica de ver e atribuir o mal só aos outros.

3. Restauração: propor o caminho da cura, com a firme vontade de repor, até onde seja possível, os danos sociais e inverter percursos resultantes do descompromisso para com a Nação, fazendo-nos autorreferenciais. Para isso até propostas legais que possam ajudar a relação entre cidadãos baseadas na justiça, podem ser tidas em conta e assumidas por todos. “Que ninguém fique para trás”. Este momento teria como resultado a compilação de um compromisso colectivo escrito que nos sirva de guia para os próximos tempos. Tal passo só será possível se todas as categoriais participarem, primeiro com jubileus particulares e depois no grande congresso da Reconciliação que seria o corolário de toda a caminhada neste cinquentenário da nossa Independência. Rogamos e incentivamos vivamente em nome do Senhor, a todas os grupos sociais organizados a procederem a realização interna dos seus jubileus, onde todos os actores independentes e públicos dediquem reflexão séria sobre a sua própria acção ao longo dos últimos tempos e consigam identificar aspectos a corrigir e um compromisso de futuro que daí decorra depois da reflexão profunda sobre as causas e consequências.

A todos pedimos que produzam um compromisso de reparação e de conversão.

Pretendemos que todos e cada um de acordo com a sua categoria social cheguemos ao congresso com os resultados dos nossos encontros privados, para juntos construirmos uma agenda nacional de compromissos e consensos, projetando o nosso futuro de paz, justiça, reconciliação e desenvolvimento.

Sim, vamos todos juntos fazer novas todas as coisas, recriar e restaurar a nossa história comum e a memória da nossa sabedoria, visando a realização plena das aspirações de todos os filhos e filhas desta Nação. O Congresso, desta feita, será uma realização de todos nós, onde nos congregaremos em torno da mesma bandeira, sob a inspiração do Espírito Santo, para nos reencontrarmos como filhos em busca de um caminho comum e novo que nos conduza para o progresso humano, social, cultural, económico e político e nos comprometa com a Nação inteira com o olhar atento ao cuidado pelos mais vulneráveis.

Que a Nossa Senhora da Muxima, a quem hoje consagramos a nossa amada Angola, nos ajude a sermos uma nação reconciliada e em paz. Que o seu coração de Mãe interceda por nós, para que, celebrando este Jubileu de Ouro, nos empenhemos afincadamente em fazer novas todas as coisas e possamos assumir um verdadeiro pacto de esperança com Deus e com os nossos irmãos, para que o amor reine sempre nos nossos corações.

ASSIM SEJA!

Muxima, 21 de Setembro de 2025 †

José Manuel Imbamba Arcebispo de Saurimo e Presidente da CEAST

As inscrições podem ser efetuadas através do portal oficial:

🔗https://forms.gle/hwxWfZy8Pp8jdf1s7

Site: www.comissaoepiscopaljp.ao

Contamos com o vosso prestigiado envolvimento.
Que este seja um tempo de verdadeira renovação para todos.

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